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3ª COMUPIR: Um passo importante na busca por uma sociedade sem racismo e mais inclusiva

O evento teve como objetivo discutir e avaliar as políticas públicas de combate ao racismo, a valorização da cultura e o reconhecimento das populações negras

29/02/2024 20h05
Por Denis Baima (GABINETE)

Zelia Amador de Deus, co-fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa).“O racismo é uma violência estrutural que afeta a vida das pessoas negras em todos os aspectos, desde a saúde, a educação, o trabalho, até a segurança. É preciso fortalecer as organizações e mobilizações sociais para exigir o cumprimento das leis e das políticas de promoção da igualdade racial, como o Estatuto da Igualdade Racial e o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, falou Zelia Amador de Deus, 72 anos, co-fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa).

Equipe de trabalho da SEGOV.O evento foi realizado no campus da Unama/BR, nos dias 28 e 29 de fevereiro pela Prefeitura de Ananindeua, por meio do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), vinculado à Secretaria Municipal de Gestão de Governo (SEGOV). E teve como proposta avaliar os 20 anos de desenvolvimento da política de igualdade racial no município, que começou em 2004 com a primeira conferência.

Na ocasião, foram debatidos temas como o combate ao racismo, a implementação do Sistema Nacional de Políticas de Igualdade Racial e a criação de instrumentos para promover a igualdade de oportunidades e direitos para a população negra, indígena, quilombola e outras etnias.

Coordenadora da COMPIR, Ana Poty Medeiros.A coordenadora do COMPIR, Ana Poty Medeiros, afirmou que a conferência é um momento de celebração, mas também de reflexão e compromisso. Ela enfatizou as necessidades e os esforços de todos os organismos sociais envolvidos.

“A conferência também foi um espaço para identificar os desafios e as demandas que ainda persistem, como a necessidade de ampliar o acesso à educação, à saúde, à cultura, ao trabalho e à renda para a população negra, indígena e quilombola, que ainda sofrem com as desigualdades e discriminações históricas e estruturais. Este evento é fruto do esforço conjunto do Governo Municipal e representantes de diversos segmentos da sociedade civil, que têm trabalhado em parceria para construir uma sociedade mais justa, inclusiva e plural”, explicou Ana Medeiros.

Solenidade de execução do hino nacional e de Ananindeua. O COMPIR tem fortalecido seu trabalho por meio de algumas políticas públicas de promoção da igualdade racial, que envolvem a participação da sociedade civil e o diálogo com várias comunidades étnico-raciais. Algumas dessas políticas são: a criação da Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, que são órgãos responsáveis por formular, acompanhar e fiscalizar as ações voltadas para a promoção da igualdade racial.

Além disso, a implementação de programas e serviços sociais básicos de educação, saúde, recreação, esportes, cultura, lazer, profissionalização e outros que assegurem a plena inserção social e econômica dos etnicamente excluídos com prioridade voltada para os negros, povos tradicionais de matriz africana, povos tradicionais de quilombo e ribeirinhos.

Zelia Amador de Deus e Vanusa Cardoso, presidente da COMPIR.Presidente do COMPIR, Vanusa Cardoso, destacou a relevância da conferência para a implementação efetiva dessas políticas, especialmente para comunidades como o quilombo do Abacatau, representada por ela.

"Como mulher quilombola, vejo a conferência como um espaço de diálogo e de construção coletiva, que visa garantir a participação e o protagonismo dos grupos historicamente excluídos e discriminados. É de extrema importância discutir políticas públicas que garantam os direitos e a cidadania da população negra, indígena e quilombola, que representa mais de 70% dos habitantes de Ananindeua, segundo o IBGE", disse Vanusa. 

Titular da SEGOV, Marlon Silva.O titular da SEGOV, Marlon Silva, destacou a importância do diálogo com as diferentes lideranças sociais para propor e ajudar a encontrar soluções que atendam as necessidades desses grupos.

"Aqui é um espaço para ouvir a população, incluindo diferentes segmentos religiosos, afro-religiosos, quilombolas, indígenas e ribeirinhos, visando formalizar ideias para avançar na promoção da igualdade racial, que desde a colonização sofre com a discriminação e exclusão social. Estamos em busca da reparação dessa desigualdade, para garantir representatividade e amparo legal para os diferentes segmentos da nossa sociedade", falou Marlon. 

Mãe Cris de Logum Edé.Mãe Cris de Logum Edé, praticante afro-religiosa, destacou a importância da Conferência Municipal de Ananindeua por trazer à discussão o tema do racismo, enfatizando a necessidade de quebrar paradigmas e combater o racismo, especialmente em relação à sua religião.

Ela também ressalta a importância das conferências estaduais e nacionais para discutir propostas valiosas que possam impactar áreas como saúde, educação e segurança pública. Além de propor a criação de uma Secretaria Municipal de Igualdade Racial e Direitos Humanos. 

Josefina Jiménez, imigrante indígena venezuelana da etnia Warao.Do mesmo modo, convidada como delegada do evento, Josefina Jiménez, imigrante indígena da etnia Warao, residente do município, enfatizou que o evento é uma oportunidade para encontrar soluções que combatam a discriminação, melhorem e oportunizem a inclusão social da sua comunidade. 

Com esse evento e a participação ativa de representantes de diferentes segmentos da sociedade, a 3ª Conferência Municipal de Igualdade Racial de Ananindeua reforçou o compromisso da cidade na luta contra o racismo e pela promoção da igualdade, consolidando-se como um passo importante na busca por uma sociedade mais justa e inclusiva para todos os seus cidadãos.

Credenciamento da COMUPIR.