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Conheça a história de superação do ex-morador de rua que hoje é atendido pelo Centro POP de Ananindeua
Por Rosane Linhares (PREFEITURA)
Lidar com a recuperação da dependência química e sair das ruas é um caminho árduo, que muitas pessoas não conseguem, mas Ronivaldo, de 55 anos, superou as adversidades e hoje luta pela conquista plena de sua autonomia. O vínculo com as drogas começou aos 8 anos de idade, quando via seus irmãos mais velhos se drogando, aos 12 anos, após a morte de sua mãe, ele começou a usar. Por conta disso, o relacionamento com sua família ficou conturbado.
Aos 20 anos, seu pai faleceu, então decidiu sair de casa. “O meu pai era a minha base, meu tudo. Ele sempre me ajudava a sair das drogas, procurava instituições para que eu ficasse internado, até ficava por um tempo, mas logo eu voltava para o vício. Ele era o significado de família, mesmo eu tendo irmãos, era o meu pai que sempre me ajudava. Quando ele morreu, fiquei sem chão. Estava emocionalmente abalado, então fui morar nas ruas”.
Ronivaldo conta das dificuldades que passou no período que viveu nas ruas da região metropolitana de Belém. “Nas ruas, nos sentimos um nada, somos invisíveis no meio da sociedade, sofremos privações, humilhações, agressões físicas, psicológicas e morais. A gente sofre muito. Temos frio e fome”.
Ronivaldo morou cerca de 30 anos nas ruas até que em 2014 conheceu o Centro de Referência Especializado para População de Rua (Centro POP) de Ananindeua, através de colegas que viviam na mesma situação que ele. “Eu sempre quis sair, sempre tive vontade de sair da situação que me encontrava, mas não conseguia, não tinha apoio, não tinha força. Então, com conversas nas ruas, meus colegas comentaram sobre o Centro POP de Ananindeua, que era um local diferente, com uma equipe que realmente se importava com a gente. Aí vim parar aqui”.
Ele recebeu acolhimento, alimentação, acompanhamento psicossocial e foi inserido nos programas e projetos que auxiliam na conquista da autonomia. “Pra mim, a melhor equipe que existe é a de Ananindeua, porque eles nos tratam bem, aqui fui acolhido, me senti valorizado, percebi que eles realmente se importam com a gente. A equipe não nos trata com indiferença. Então fui me envolvendo cada vez mais. Anos de roda de conversas, atendimento individual com psicólogos e assistentes sociais, cursos de qualificação profissional, consultas médicas, exames, vacinas, entre outras atividades. Entendi que a mudança tinha que começar em mim, porque por fora eu já estava recebendo todo o suporte necessário”.
A coordenadora do Centro POP de Ananindeua, Léa Pina, explica que, como Ronivaldo veio de uma situação de rua, foi preciso trabalhar não somente os vínculos familiares, mas, também, os vínculos sociais no território onde ele foi reinserido. “Nós percebemos a evolução dele pela assiduidade na unidade, sua participação e por se propor a assumir os compromissos do acompanhamento, que é uma via de mão dupla. Verificamos, também, o fortalecimento dele junto à comunidade e a emancipação dele enquanto sujeito com direitos. Esse é um dos objetivos do acompanhamento, que ao longo do tempo ele passe a conseguir caminhar sem depender dos serviços, mas sabendo que estarão sempre à disposição”, pontuou.
Atualmente, Ronivaldo faz acompanhamento com a equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Ananindeua e está há 8 meses sem usar entorpecentes e se orgulha do fato. “Eu já nem penso mais em usar”. Ele mora em um apartamento alugado, custeado por meio do Benefício de Prestação Continuada (BPC), seu objetivo é conquistar sua independência e restabelecer o convívio com sua família.
“Hoje eu deixei o papelão de lado e espero nunca mais voltar para a vida que eu tinha antes, sei que isso só depende de mim, de colocar em prática meus objetivos. Minha esperança voltou, com a ajuda que recebo do governo, quero montar uma vendinha da rua e vender água para ganhar um dinheirinho, quero voltar ao convívio com meus filhos, quero me fortalecer para nunca mais voltar para as drogas. Tudo que consegui até aqui, sair das drogas, sair das ruas, conseguir o benefício, é graças primeiramente a Deus e a equipe do Centro POP que sempre acreditaram em mim. Obrigado. Gratidão”.
“A trajetória do Ronivaldo exemplifica muito bem o quanto a política de assistência social é capaz de realizar na vida das pessoas que mais necessitam. Este é o nosso papel: estar cada vez mais perto das pessoas para atendê-las e fazer os encaminhamentos necessários para outras políticas sociais. Atualmente, o Centro POP acompanha mais de 100 pessoas, destes, 70 recebem Auxílio Brasil e 9 o BPC, vejo isso como uma vitória na trajetória de nossos usuários no caminho de se tornarem autônomos, independentes, e fora das ruas. Quanto ao Ronivaldo, todos nós torcemos muito para que ele obtenha êxito nos seus projetos e saiba que sempre pode contar com os serviços socioassistenciais de Ananindeua”, ressaltou a secretária da Semcat, Marisa Lima.